Cirurgia do Refluxo Gastroesofágico

cirurgia do refluxo gastroesofágico é um procedimento que reforça a musculatura esofágica inferior, ajudando a prevenir a subida do conteúdo ácido do estômago em direção ao esôfago. A técnica, chamada “Fundoplicatura a Nissen”, utiliza o topo do estômago (fundo gástrico), para envolver a porção final do esôfago, aumentando sua pressão.

O que causa o refluxo gastroesofágico?

O esôfago atravessa dois compartimentos do corpo até chegar ao estômago: o tórax, que naturalmente tem uma pressão negativa, para poder puxar o ar para os pulmões durante a respiração, e o abdome, o qual é uma cavidade com diversos órgãos compactados em um espaço pequeno, levando a uma pressão positiva. Existe sempre uma tendência de que o conteúdo abdominal migre para o tórax, mas um músculo chamado diafragma atua impedindo que aconteça.

Hérnia de hiato

diafragma é um músculo que separa o tórax do abdome, e tem uma forma de um “prato”, com um orifício para a passagem do esôfago para o abdome. Esse orifício, o “hiato esofágico”, é um ponto de fraqueza por onde a pressão positiva do abdome “força passagem” para o tórax. Mas existem ligamentos que prendem o esôfago no lugar, impedindo que ele seja empurrado com o estômago para cima.

A frouxidão desses ligamentos faz que o estômago migre para o tórax, que acaba inspirando não só o ar, mas também os órgãos do abdome. Isso causa o que a gente denomina hérnia de hiato.

Esfíncter esofágico inferior

No final do esôfago, na transição com o estômago, existe uma musculatura circular, que abre e fecha para a passagem dos alimentos. Além disso, ela se mantém fechada na maior parte do tempo para evitar que o ácido do estômago suba para o esôfago. Quando está frouxa, fica aberta por mais tempo do que o normal, permitindo que o suco gástrico irrite o esôfago. Como o esôfago não tem capacidade de resistir a acidez prolongada, ocorrem os sintomas de refluxo.

Essa frouxidão, chamada hipotonia do esfíncter esofágico inferior, é a principal causa de doença do refluxo.

Motilidade do esôfago

O esôfago não é somente um tubo que leva alimento da boca para o estômago. É um órgão muscular, que tem contrações que empurram o alimento, ele não consegue chegar facilmente ao estômago somente deslizando ou pela ação da gravidade.

A perda das contrações do esôfago podem atuar piorando os sintomas do refluxo, já que alimentos e o próprio ácido que vem do estômago não conseguem ser empurrados para baixo.

Como saber se tem indicação para cirurgia do refluxo gastroesofágico?

Primeiramente, o tratamento do refluxo gastroesofágico é clínico, com medicações, controle do peso e melhora da alimentação, revendo mastigação, horários das refeições e retirando alguns alimentos que possam causar refluxo. Cerca de 20% da população apresenta algum grau de refluxo.

A endoscopia digestiva alta avalia o grau de inflamação do esôfago, a presença de hérnia de hiato, e investiga o estômago, porque muitas vezes a presença de gastrite piora os sintomas. E permite realizar biópsias de aéreas alteradas. Avalia também o efeito das medicações e das mudanças alimentares.

Os exames de função do esôfago, Phmetria, manometria e impedância, auxiliam nos casos em que os sintomas do refluxo ácido não são tão evidentes ou são atípicos (queixas respiratórias, pigarro, rouquidão, dor no peito). Também são indicados quando a endoscopia vem normal, apesar das queixas, e quando as medicações não têm o efeito desejado ou o paciente precisa repetir o tratamento. Apesar de incômodos, estes exames trazem informações objetivas, auxiliando no planejamento de longo prazo.

A necessidade de uso de anti-ácidos por muito tempo é um fator de preocupação hoje em dia. Os mais acessíveis (omeprazol, pantoprazol e derivados) tem algum potencial de efeitos colaterais.

Alterações como esofagite erosiva avançada, metaplasia (Barrett), hérnias de hiato maiores, manometria e phmetria alteradas, dificuldade de resposta com medicações, e sintomas não digestivos, como alterações respiratórias, são indicativos de que pode ser necessária uma avaliação com o Cirurgião Digestivo.

Mas não são todos os casos que tem indicação de cirurgia, são geralmente os pacientes com persistência dos sintomas após as medicações, recusa em usar antiácidos no longo prazo, hérnias maiores, sintomas não digestivos.

E como funciona a cirurgia do refluxo gastroesofágico?

A cirurgia, fundoplicatura a Nissen, é realizada por videolaparoscopia, com melhor recuperação. O procedimento envolve suturas no hiato esofágico e utilização do fundo gástrico para envolver o esôfago inferior. O objetivo é manter essa parte do esôfago no abdome, e aumentar sua pressão, aliviando o refluxo ácido.

Todos os pontos são caibrados por uma sonda, impedindo que se aperte demais e cause dificuldade para o paciente engolir (disfagia). Mesmo assim, ela ocorre nas primeiras semanas e vai aliviando (o paciente recebe orientação para dieta pastosa nos primeiros dias, e volta posteriormente a comer sólidos, mas sempre com boa mastigação). Estima-se que 5% a 10% dos casos tem disfagia persistente. E, em termos de resultados na literatura, a cirurgia do refluxo é eficaz em aliviar os sintomas em cerca de 90% dos pacientes.

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